A raiz dos problemas do Brasil é a falta de consciência coletiva do seu povo. Por conta da colonização predatória na qual fomos formados, uma das características dos brasileiros é a falta de envolvimento em relação aos que sofrem “pequenas tragédias”, daquelas que a maioria pensa estar livre. Com exceção das calamidades públicas, quando a imprensa incentiva ações solidárias, praticamente inexistem iniciativas de socorro aos que sofrem com agruras do cotidiano, ocasiões em que, de forma geral, os brasileiros que tomam conhecimento dos fatos, no mais das vezes lamentam e seguem adiante. Vejamos o exemplo do que atualmente ocorre no Instituto de Medicina Legal de Pernambuco, onde cerca de cinqüenta corpos estão aguardando liberação. Embora o assunto esteja sendo pautado pela imprensa, poucos são os pernambucanos que demonstram capacidade de se indignar com os constrangimentos impostos aos familiares daqueles mortos, que além da dor da perda, estão sendo submetidos ao desespero de não saber sequer quando poderão sepultar seus entes-queridos. Pois bem, mesmo diante dessa caótica situação, que tende a piorar, tanto que a direção do IML já alugou um caminhão frigorífico, para colocar corpos, quando não mais couberem nas geladeiras, nenhum movimento de solidariedade está sendo articulado pela sociedade. Estão todos comodamente calados: autoridades públicas, políticos, instituições, entidades, formadores de opinião, etc. A única esperança é que um dia, graças à disseminação da educação, os brasileiros conheçam, entendam e assimilem o que disse o russo Maiakovski, no poema “Despertar é Preciso”.
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