É intrigante como tropas e equipamentos da Marinha e Exército puderam ser ostensivamente usadas nos combates contra os narcotraficantes do Complexo de Favelas do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. A estranheza do fato, fica por conta de que as Forças Armadas, em outras ocasiões, quando chamadas à intervir na defesa da população carioca, colocando suas tropas nas ruas, fizeram "ouvidos de mercador", apoiados nas mais esfarrapadas desculpas, entre as quais a falaciosa alegação de que seus efetivos não são treinados para confrontos urbanas. Diante da agradável surpresa de ver as Forças Armadas finalmente saindo da ociosidade dos quartéis, para vir em defesa da população sitiada pelos narcotraficantes cariocas, fica a esperança de que essa não tenha sido uma ação pontual, e que sejam mentirosas as versões de que todo esse show de pirotecnia televisiva, ironicamente chamado de "Batalha do Morro do Alemão", não tenha sido mais do que uma mera "assepsia de área", visando permitir que o presidente Lulla e convidados possam estar no local, em dezembro, participando dos "rega-bofes" previstos para a inauguração do Sistema Teleférico do Morro do Alemão. Tomara que essa informação seja fantasiosa, pois no caso de logo após as solenidades, quando a "comitiva oficial" estiver fora de perigo, as tropas serem recolhidas aos quartéis, quem vai "pagar o pato" é a comunidade local, que ficará à mercê da sanha vingativa dos chefões do crime organizado, concretizando o que diz aquele antigo provérbio: "Na briga do mar com o rochedo, quem sofre é o marisco"...
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